Se bem me lembro, a última vez que o meu peso começava com um cinco foi há uns 12 anos. Assim que entrei na faculdade o peso foi sempre a subir. Refeições rápidas porque não tinha grande tempo/vontade para cozinhar, ou só apenas porque me apetecia. Até chegar aos 73 kg. Tenho 1,65 m. Sabia que não estava bem fisicamente, não me sentia bem fisicamente, mesmo as minhas análises não estavam grande coisa - triglicerídeos a top! - mas mesmo assim não fazia grande coisa para mudar isso. Continuava a comer o que me apetecia a que hora me apetecia, e o único exercício físico que fazia era correr atrás do autocarro quando já chegava tarde à paragem... 

Quando regressei a Chaves, em 2015, tentei fazer algo para mudar. Comecei a alimentar-me um bocado melhor e fui para o ginásio. Consegui perder algum peso, indo até aos 68 kg. Mas ir ao ginásio era uma tortura para mim. Não gostava mesmo nada. Em 2017 descobri o crossfit, e a partir daí não quis outra coisa. 

Comecei logo a treinar cinco dias por semana. Posso dizer que os primeiros dias foram "complicados". Dores musculares tremendas, e mal conseguia por o pé na embraiagem do carro. A perna começava a tremer. Levantar os braços para lavar o cabelo às vezes era uma missão quase impossível. Mas eu adorava aquilo. E falava sobre aquilo a toda a gente que conhecia. 

Relativamente ao meu peso, nos últimos anos este foi variando entre os 63 e os 67 kg. "Mas já treinas há tanto tempo e tantas vezes por semana, como é que nunca perdeste o peso que querias?" A resposta é apenas uma: alimentação. É tão mas tão verdade quando dizem que a alimentação é 80%. Não vale de nada treinar todos os dias se depois a alimentação não for a melhor. E olhem que passei por alguns nutricionistas. E não vale também a pena tentares mudar hábitos se tu própria/o não meteres na cabeça esse objetivo, por muito que possa haver gente à tua volta a incentivar-te. O teu melhor incentivo és tu

Ao longo deste ano fui aprendendo a ler melhor os rótulos. E para quem quer perder peso o que realmente importa são as calorias. É o défice calórico que te vai fazer perder peso. Gastar mais calorias do que aquelas que ingeres. Passo fome? Não, nada disso e Deus me livre. Adoro comer. Mas aprendi a ler os rótulos e estou sempre à procura de alternativas saborosas baixas em calorias. Antigamente ficava-me por aquelas letras gordas que vêm nas bolachas a dizer "Baixo em Calorias" ou "Light". Mas estas opções acabam por ter mais calorias do que as que são "normais". 
Um exemplo: Sabias que uma Bolacha Maria sem açúcar tem 26 calorias e que uma Bolacha Maria normal tem 22 calorias? Pois, é óbvio que a quantidade de açúcar é importante, mas para quem quer perder peso as calorias contam muito mais. 

No passado dia 3 de agosto a minha alimentação começou a mudar. E até hoje, dia 31 de agosto, já foram 5,300 kg. Perdi mais de cinco quilos em menos de um mês. Continuei a treinar, e agora até treino com mais intensidade, porque estou mais leve e sinto-me muito mais ágil. Tenho jogado também padel, o que me ajuda num cardio extra. Mas o padel já faz parte da minha rotina há uns meses e nem um quilo perdia. Mais uma vez, tudo se centra na alimentação. 

Hoje é um dia feliz para mim. Estou feliz porque estou cada vez mais perto do meu objetivo. Os 59 kg que veem ali de objetivo de peso, que eu já tinha colocado há mais de um ano, já mudaram para 57 kg. E eu sei que vou conseguir e não vai demorar muito. 

Não estou a fazer isto sozinha. Para além de estar a ser acompanhada por um nutricionista ligado ao desporto que pratico, tenho lido imenso (cuidado com as vossas fontes) e tenho tido também o apoio daqueles que me são mais próximos, em especial do meu namorado que nestes sete anos que estamos juntos nunca desistiu de me fazer lutar por uma melhor versão de mim. E só isso já é uma enorme ajuda. 

Neste momento, para além de estar focada em mim, estou focada em ajudar outras pessoas também. Não sou da área da nutrição, por isso não me vou por a prescrever planos nem nada do género. Mas posso ajudar com o meu testemunho, com a minha experiência. E da mesma forma que as pessoas que tenho comigo me têm ajudado, também elas podem vir a ajudar mais alguém. 

Para terminar, não quero que pensem que eu estou aqui a fazer este post a defender que quanto menos peso melhor. Sim, a aceitação corporal é o caminho. Amarmo-nos é o caminho. Mas é desta forma que eu me aceito, com menos peso e com menos volume, é desta forma que eu me amo ainda mais.